Escritora Magnólia Rosa completa 91 anos
O olhar melancólico da velha senhora contrasta com o largo sorriso estampado em seu rosto ao final de cada frase. O corpo franzino e apa...
https://raiox102.blogspot.com/2013/05/escritora-magnolia-rosa-completa-91-anos.html
O olhar
melancólico da velha senhora contrasta com o largo sorriso estampado em seu
rosto ao final de cada frase. O corpo franzino e aparentemente frágil também
engana os mais desavisados e com mais de nove décadas de vida, Magnólia Rosa
esbanja a vitalidade ea eloquência comuns as pessoas que dedicaram toda uma vida
aos livros e a arte de contar boas histórias.
No dia em que
completa noventa e um anos de idade, a escritora recebeu uma equipe do Raio X em
sua casa e em quase duas horas de entrevista, falou sobre as dores e as
delícias de quase um século de vida.
Mesmo não
gostando de contar muitos detalhes deste período, Dona Magnólia relembra a infância difícil em que teve que se afastar da família
para se dedicar aos estudos em um rigoroso internato católico. “Tive uma
infância difícil, mas prefiro falar de coisas boas para incentivar que as
pessoas sejam boas. O que posso dizer da minha infância é que tive uma ótima educação
e isso ajudou na minha formação de escritora”.
Apesar de seu
raro talento com as palavras, Dona Magnólia afirma que quando criança não
sonhava em se tornar uma escritora. “Quando eu era pequena queria ser artista
de cinema ou advogado. Além disso, quando disse aos meus familiares que seria
escritora, eles me disseram que eu não teria sucesso e não seria ninguém”.
Na opinião da
escritora, inspiração não se explica, é algo que se sente. “É algo que eu não
consegui explicar, é como se fosse algo divino e na maioria das vezes ela
sempre aparece nas horas mais impróprias”.
Dona Magnólia
revela quais são seus autores favoritos. “Gosto muito de Dostoiévski pela melancolia e pela reflexão que
seus livros sempre propõem".
A autora
afirma que é impossível viver só da literatura em nossa cidade. “É praticamente
impossível viver dos meus livros, aliás, eu quase não tive retorno financeiro
com eles, na verdade sempre gastei muito dinheiro para que eles fossem
publicados”.
Dona Magnólia
ainda se queixa da falta de apoio do poder público às artes. “A cultura em
Frutal sempre foi espezinhada, dinheiro para os bois pularem na arena e para as
pessoas sambarem no carnaval existe aos montes, agora para publicar livros nunca
tem verba”.
Apesar de todos
os dissabores, a escritora não se esquece dos amigos que sempre estiveram ao
seu lado. “Seria injusto citar nomes, mas sempre digo que meus amigos não são seres
humanos, são anjos”.
Dona Magnólia
discorda daqueles que consideram a velhice como a melhor idade. “Não existe
essa balela de melhor idade, o velho no Brasil é tratado como lixo”.
A escritora
revela quais sonhos ainda gostaria de realizar. “Gostaria de editar alguns dos
meus vinte livros que já estão prontos, quem sabe algum apreciador de
literatura não me ajuda a realizar esse sonho?”