Recuperando da APAC escreve carta para juíza pedindo para continuar preso
Cumprir a pena e ganhar a liberdade, este é sonho de todos os presos. Ou de quase todos... É que uma situação inusitada está acontecend...
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Cumprir a pena e ganhar a liberdade, este é sonho de todos os
presos. Ou de quase todos...
É que uma situação inusitada está acontecendo na Associação de
Proteção e Assistência ao Condenado, APAC de Frutal. Um preso que está prestes
a receber um alvará de soltura pediu para permanecer como recuperando.
Anderson Freitas, 39 anos, foi detido após cometer vários
delitos. Entre 2010 e 2013, ele havia sido preso noves vezes. Depois de meses
encarcerado no sistema convencional, ele foi transferido para APAC. Lá, ele
trabalha e estuda durante o dia todo e só volta para a cela para dormir.
Ele não tem emprego e nem família em Frutal e decidiu que seria
melhor se continuasse na APAC. Por isso, escreveu uma carta a juíza, Raquel
Agreli Melo pedindo para ficar. A justificativa foi que, poderia voltar para o
mundo das drogas e do crime.
O repórter Nélio Barbosa entrevistou o recuperando Anderson que contou
porque decidiu escrever esta carta pedindo para continuar preso. “Ainda não
estou pronto. Eu tenho medo de mim mesmo e do que eu posso fazer contra a
sociedade”, revelou Anderson.
Ele ressalta ainda que não se sente preparado para se reintegrar
à sociedade, mas que em um futuro próximo sonha em voltar a conviver com a
família e com os antigos amigos. “Estou em uma reta decisiva para voltar à
convivência normal, como qualquer cidadão. Não pretendo errar mais, mas, ainda
não tenho condições que cumprir isso. Preciso de mais tempo”, declarou.
Anderson era caminhoneiro. Começou usando arrebite, depois
maconha, cocaína e crack. Por causa das drogas, abandonou o emprego e começou a
roubar e furtar para sustentar o vício. “Foi um caminho que me destruiu
completamente, mas, hoje já consigo ver uma luz no fim do túnel,” disse
Anderson.
O repórter Nélio Barbosa também conversou com a diretora da
APAC, Paula Queiroz, que afirmou que o alvará de soltura de Anderson pode ser
expedido a qualquer momento. “Assim que esse alvará sair, as portas da
instituição estarão abertas para ele e, infelizmente, pouco podemos fazer. Ele
foi o primeiro a tomar essa atitude de escrever uma carta do próprio punho
pedindo para continuar preso”, disse Paula.
A reportagem do Raio X também procurou a juíza Raquel Agreli
Melo para comentar o assunto. Ela informou que ainda não recebeu o ofício,
pois, ela só responde aos casos de urgência da vara criminal. Atualmente a
juíza é da vara do juizado especial. Mas, mesmo assim, ela adiantou que não
será possível conceder o benefício, já que o Código Penal Brasileiro não
permite que presos que já tenham alvará de soltura permaneçam na cadeia