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Escritora Magnólia Rosa completa 91 anos

O olhar melancólico da velha senhora contrasta com o largo sorriso estampado em seu rosto ao final de cada frase. O corpo franzino e apa...



O olhar melancólico da velha senhora contrasta com o largo sorriso estampado em seu rosto ao final de cada frase. O corpo franzino e aparentemente frágil também engana os mais desavisados e com mais de nove décadas de vida, Magnólia Rosa esbanja a vitalidade ea eloquência comuns as pessoas que dedicaram toda uma vida aos livros e a arte de contar boas histórias.

No dia em que completa noventa e um anos de idade, a escritora recebeu uma equipe do Raio X em sua casa e em quase duas horas de entrevista, falou sobre as dores e as delícias de quase um século de vida.

Mesmo não gostando de contar muitos detalhes deste período, Dona Magnólia relembra a infância difícil em que teve que se afastar da família para se dedicar aos estudos em um rigoroso internato católico. “Tive uma infância difícil, mas prefiro falar de coisas boas para incentivar que as pessoas sejam boas. O que posso dizer da minha infância é que tive uma ótima educação e isso ajudou na minha formação de escritora”. 



Apesar de seu raro talento com as palavras, Dona Magnólia afirma que quando criança não sonhava em se tornar uma escritora. “Quando eu era pequena queria ser artista de cinema ou advogado. Além disso, quando disse aos meus familiares que seria escritora, eles me disseram que eu não teria sucesso e não seria ninguém”.

Na opinião da escritora, inspiração não se explica, é algo que se sente. “É algo que eu não consegui explicar, é como se fosse algo divino e na maioria das vezes ela sempre aparece nas horas mais impróprias”.

Dona Magnólia revela quais são seus autores favoritos. “Gosto muito de Dostoiévski pela melancolia e pela reflexão que seus livros sempre propõem".

A autora afirma que é impossível viver só da literatura em nossa cidade. “É praticamente impossível viver dos meus livros, aliás, eu quase não tive retorno financeiro com eles, na verdade sempre gastei muito dinheiro para que eles fossem publicados”.

Dona Magnólia ainda se queixa da falta de apoio do poder público às artes. “A cultura em Frutal sempre foi espezinhada, dinheiro para os bois pularem na arena e para as pessoas sambarem no carnaval existe aos montes, agora para publicar livros nunca tem verba”.

Apesar de todos os dissabores, a escritora não se esquece dos amigos que sempre estiveram ao seu lado. “Seria injusto citar nomes, mas sempre digo que meus amigos não são seres humanos, são anjos”.

Dona Magnólia discorda daqueles que consideram a velhice como a melhor idade. “Não existe essa balela de melhor idade, o velho no Brasil é tratado como lixo”.

A escritora revela quais sonhos ainda gostaria de realizar. “Gostaria de editar alguns dos meus vinte livros que já estão prontos, quem sabe algum apreciador de literatura não me ajuda a realizar esse sonho?” 

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